Cirurgia do Pâncreas

O pâncreas é uma glândula com cerca de 20X4x2 centímetros de medidas no formato de uma tira deitada na parte posterior do nosso abdômen, entre o estômago e a coluna. Dividido em 3 partes – cabeça, corpo e cauda – tem com como função:

– produzir o suco pancreático que permite digerir os alimentos, permitindo assim sua absorção;

– produzir hormônios, entre eles insulin e glucagom, que permitem regular os níveis de glucose no organismo e desta maneira, utilizá-los, quando precisamos, ou estocá-los, na sobra. 

Cirurgia do Pâncreas

O câncer pode ocorrer em qualquer órgão do aparelho digestivo, e é, na imensa maioria das vezes, de tratamento cirúrgico, que consiste na retirada do órgão no todo ou em parte, e na reconstrução ou substituição do órgão retirado para restabelecer a função perdida.

Alguns casos podem necessitar de tratamentos complementares com quimioterapia ou radioterapia. Uma vez confirmada a indicação de cirurgia do pâncreas, exames para avaliação pré-operatória são solicitados a fim de confirmação das condições cardiológicas e anestésicas. 

Os exames pré-operatórios serão individualizados de acordo com o biotipo do paciente e a presença de doenças associadas. Entretanto, alguns exames são realizados de rotina.

Uma vez indicada a cirurgia do pâncreas e o paciente decidido em proceder a mesma, algumas recomendações serão realizadas a fim de otimizar a internação e o preparo físico e psicológico pré-operatório.

As medicações em uso serão ajustadas conforme o resultado dos exames pré-operatórios.

Aos tabagistas é solicitado que deixem, ou diminuam ao máximo, o uso de tabaco a fim de diminuir as chances de complicações pulmonares no pós-operatório, assim como permitir uma melhor oxigenação dos tecidos e consequentemente melhor cicatrização.

Caminhadas diárias ou hidroginástica no pré-operatório são de grande ajuda como preparo fisioterápico pré-operatório, melhorando e facilitando a respiração e circulação no período pós-operatório.

A obsessão pela higiene das diversas dobras de pele e umbigo é recomendada, pois frequentemente estas são sítios de dermatites por fungos. Para tanto, a higiene destas áreas com sabonete neutro e manutenção das mesmas sempre bem secas já é o suficiente.

Independentemente da técnica realizada, o paciente deverá realizar pelo menos 8 horas de jejum absoluto (inclusive para água), realizando sua higiene pessoal através de um prolongado banho utilizando sabonete neutro.

A cirurgia é feita via laparoscópica, através de incisões mínimas.

Nestes momentos que precedem a cirurgia, é importante que os familiares e amigos presentes estejam tranquilos a fim de propiciar ao paciente sentimento de segurança e serenidade.

Terminada a cirurgia, o paciente será encaminhado para a sala de recuperação.

Uma vez no quarto, o paciente será estimulado a sair da cama e sentar na poltrona, iniciando os exercícios de fisioterapia respiratória e motora. A movimentação precoce dos pacientes além de prevenir complicações, aumenta o ânimo, estimula a recuperação, permitindo um pequeno período de internação hospitalar. 

O momento da alta do hospital será determinado pela equipe médica segundo a evolução de cada paciente. Antes da alta, a equipe médica e de nutricionistas conversará prolongadamente com cada paciente a fim de lhe instruir quanto ao tipo de dieta a ser seguida, medicações a serem utilizadas, precauções a tomar, assim como fornecer ao paciente, os telefones para contatar a equipe médica a qualquer momento.

Ao chegar em casa, o planejamento das atividades diárias é importante a fim de prevenir deslocamentos e desconfortos desnecessários, pois, em função do estresse, que o paciente foi submetido pela cirurgia e internação hospitalar, ele poderá sentir-se fraco e facilmente cansado após qualquer atividade. As caminhadas devem ser realizadas em local que seja plano, seco, sem obstáculos que possam causar acidentes, permitindo que o paciente sinta-se bem sem ficar muito cansado.

Recomenda-se dieta branda durante os primeiros 07 dias, com ingesta a cada 2 horas de algum alimento, evitando-se ingerir grandes quantidades de alimentos de uma só vez, assim como alimentos do tipo café sem leite, chimarrão, refrigerantes, doces e bebidas alcoólicas.

Ressalta-se sempre a prudência de cortar os alimentos em pequenos pedaços, mastigando bem os mesmos. 

Doenças

Câncer de Pâncreas

A grande maioria dos cânceres terá início nas células exócrinas do pâncreas, que formam os canais pancreáticos. Assim, o crescimento desordenado de células (câncer) nestes ductos provoca uma obstrução dos mesmos e, devido ao tamanho da glândula e proximidade com outros órgãos, logo invade estruturas vizinhas importantes ou forma metástases (depósitos tumorais em outros órgãos). O tipo mais comum de câncer de pâncreas é o adenocarcinoma.

Como fatores de risco para desenvolvermos câncer de pâncreas podemos apontar:

*Uso de Tabaco (cigarro, charuto, …)

*Obesidade

*Histórico anterior de diabetes

*Pancreatite crônica

*Histórico familiar de câncer de pâncreas

*Portadores de síndromes hereditárias:

– Síndrome de Lynch

– Síndrome da neoplasia endócrina tipo 1(MEN1)

– Síndrome de Von Hippel-Lindau

– Síndrome de Peutz-Jeghers

– Melanoma múltiplo atípico familiar

– Síndrome do câncer de ovário e de mama familiar

No Brasil, o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença.

Raro antes dos 30 anos, o câncer de pâncreas torna-se mais comum a partir dos 60 anos. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos do câncer de pâncreas aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos. A incidência do câncer de pâncreas é mais significativa em homens. 

Assista ao nosso vídeo:

Câncer no Pâncreas: do diagnóstico ao tratamento cirúrgico e quimioterápico

Meu médico comunicou que tenho Câncer de Pâncreas e que esse atingiu vasos

Sinais e sintomas do câncer de pâncreas.

Os sinais e sintomas mais comuns do câncer de pâncreas são a diminuição do apetite com perda de peso, fraqueza e desânimo, diarreia, tonturas, desencadeamento de quadro depressivo e/ou de diabetes. A localização do câncer na glândula determinará sintomas específicos. Assim, um câncer que atinge a cabeça do pâncreas provoca icterícia (branco dos olhos amarelada), urina escura, e fezes claras devido a obstrução biliar. Já o câncer de corpo e cauda do pâncreas, que normalmente são silenciosas, quando avançadas, resultam em dores na região ântero-superior do abdômen, assim como nas costas, no início, de baixa intensidade, com certa constância, podendo ficar mais forte.

Diagnóstico

Devido a sua localização e rápido crescimento, é infrequente o diagnóstico precoce do câncer de pâncreas. A fácil confusão de seus sintomas com os de outras doenças comuns do nosso dia a dia faz com que, frequentemente, o diagnóstico deste tipo de câncer seja retardado, resultando em sua descoberta já em fase avançada. Neste contexto, todo o cuidado deve ser tomado para sempre valorizarmos sinais que surgem repentinamente em pacientes previamente saudáveis, para que de forma ágil este câncer possa ser devidamente tratado por profissionais habituados a este tipo de doença.

Além da história e do exame físico que levantam a suspeita da presença do câncer de pâncreas, exames de imagem nos permitem, não só confirmar o diagnóstico, mas também saber a extensão da doença.

A avaliação da extensão do câncer de pâncreas tem por finalidade realizar o que se chama estadiamento do câncer. Este estadiamento nos permite determinar quais os órgãos envolvidos, assim como o prognóstico e melhor tratamento para a doença. Para tanto, são solicitados exames como ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética de vias biliares e do abdômen superior. Eventualmente pode ser necessário a biópsia de tecido do órgão.

Além de avaliar a extensão da doença, também é necessário verificar se o paciente apresenta boas condições da função dos demais órgãos (coração, pulmão, rins, etc) a fim de suportar o tratamento necessário.

 

Tratamento

O câncer de pâncreas pode ser tratado de diversas formas e dependerá da fase em que se encontra. Sempre que possível o câncer de pâncreas deve ser retirado de forma cirúrgica em alguma das fases de seu tratamento, pois esta é ainda a única forma de obtermos a cura do paciente ou ainda uma maior sobrevida.

Neste contexto, teremos diversas formas de tratamento:

*O  câncer de pâncreas é pequeno, sem metástases, e sem invasão de órgãos próximos.

Após avaliação das condições clínicas do paciente, o tratamento será realizado através da pronta retirada do câncer. Quando na cabeça do pâncreas, a cirurgia indicada é a duodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple) com retirada dos linfonodos regionais. Quando no corpo e cauda do pâncreas, a cirurgia indicada é a pancreatectomia distal, ou também conhecida como córpora-caudal, com retirada dos linfonodos regionais. Ambas podem ser realizadas por videolaparoscopia com os mesmos resultados da cirurgia convencional, entretanto com uma recuperação mais rápida devido ao método minimamente invasivo.

Ainda que em discussão em todos os congressos da área, em situações pontuais, a quimioterapia pré-operatória pode ser utilizada para controle biológico do câncer de pâncreas e obtenção de melhores resultados pós-operatórios a longo prazo.

*O câncer de pâncreas é pequeno, sem metástases aparentes, e com suspeita de invasão, ou até mesmo invasão, de órgãos próximos.

Além da retirada do câncer, este paciente deve ter o segmento de vaso comprometido, ou com suspeita de comprometimento, removido durante a cirurgia do câncer de pâncreas, seguindo as mesmas indicações das cirurgias de Whipple e pancreatectomias distais. Quimioterapia pré-operatória pode ser indicada.

*O câncer de pâncreas, com invasão de órgãos adjacentes, ou com presença de metástases.

Antigamente este paciente era enviado simplesmente à quimioterapia paliativa, sem chances de ser submetido à cirurgia do câncer do pâncreas, consequentemente com baixa sobrevida e péssimo prognóstico. Atualmente o paciente deverá ser submetido a quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória) com posterior reavaliação de seu câncer. A conduta do CAD.RS é: aqueles com câncer de pâncreas estável, ou diminuição do câncer, com a quimioterapia (associado ou não a radioterapia) deverão ser submetidos a remoção completa das lesões tumorais (primária e de suas metástases) com posterior realização de quimioterapia adjuvante, propiciando melhores chances a médio e longo prazo a estes pacientes.

*Paciente ictérico (com branco do olho amarelada), sem condições cirúrgicas, ou portador de metástases que irão ser submetidas a quimioterapia.

Estes pacientes necessitam diminuição dos seus níveis de bilirrubinas (substância amarelada encontrada na bile, que permanece no sangue até ser eliminada pela urina) para que possam absorver os alimentos e realizar a quimioterapia. Para tanto, deverão ter seu canal biliar drenado preferencialmente através da via endoscópica com colocação de próteses. Quando não for possível realizar a drenagem através da via endoscópica, a cirurgia descompressiva do pâncreas pode ser realizada, quer seja por via laparoscópica, quer seja por via convencional.

*Paciente com obstrução duodenal, sem condições cirúrgicas, ou portador de metástases que irão ser submetidas à quimioterapia.

Estes pacientes deverão ter seu trânsito intestinal desobstruído para que possam se alimentar. Esta desobstrução deve ser realizada preferencialmente através da via endoscópica. Quando não for possível realizar a desobstrução através da via endoscópica com colocação de próteses, a cirurgia descompressiva do pâncreas  pode ser realizada, quer seja por via laparoscópica, quer seja por via convencional.

*Pacientes com dor não controlável com o uso de medicamentos analgésicos, sem condições cirúrgicas, ou portadores de metástases que irão ser submetidas a quimioterapia.

Quando portadores de dor de difícil tratamento, técnicas de punção através da pele, injetando-se medicamentos que bloqueiam a transmissão nervosa da dor podem ser utilizadas com ótima efetividade e resolução. Quando não disponível, ou não  for possível, o método através da punção percutânea, a resolução da dor pode ser obtida. Cirurgicamente através da injeção direta dos medicamentos nos vasos ganglionares que transmitem a dor, ou ainda através do corte dos nervos que transmitem esta dor. O procedimento cirúrgico pode ser realizado tanto pela via laparoscópica, quanto pela convencional.

Pancreatites

São processos inflamatórios e às vezes infecciosos do pâncreas. A maior incidência se dá nos pacientes com cálculos na vesícula que migram através dos ductos biliares até o pâncreas.

Outra causa importante no nosso país é o alcoolismo. Em princípio a pancreatite é de tratamento clínico, exceto na presença de complicações. Mas há necessidade do tratamento da causa como, por exemplo, a retirada da vesícula e/ou suspensão do consumo de bebida alcoólica.

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